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Mirna não queria crescer

Tempo Leitura
9 min.
Idade indicativa
até 5 anos
Categorias
Fantasia
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Pequena fada branca de costa em um caminho sobre uma trilha em um jardim florido

Photo credits: Daniel Kempe on Unsplash.

No país das fadas, quando as crianças já são crescidas, recebem da Academia das Fadas a sua primeira varinha de condão. É um grande dia para elas, que podem então começar a aprender os mais belos toques de magia. Mas sob a condição de largarem a chupeta e o ursinho.

Aos cinco anos, Mirna era uma minúscula fada, do tamanho do teu dedo mindinho. Mirna ainda falava como bebê: dizia "Au-au" para cão, "fafá" para fada, "vavá" para varinha e "quelo" em vez de quero. Às vezes também ficava vermelha de cólera, fazia beicinho, dobrava as asas e recusava-se a fazer fosse o que fosse. Em conclusão: tinha ficado uma fada-bebê!

É normal, é uma criança - dizia o rei seu pai, que tinha sido sempre muito compreensivo para com Mirna, a ponto de, por vezes, rir dos seus amuos e dos pequenos defeitos de pronúncia.

Mas, o que mais aborrecia a rainha-fada era ver Mirna de chupeta. Mirna continuava a chuchar nela à noite, mas também pegava nela à tarde, e quando estava cansada, e para dizer adeus aos pais e bom-dia ao seu ursinho-fada, e para ir para a escola das fadas. E depois, até para ir para a mesa. E para tomar banho. Enfim, todos os pretextos eram bons para chuchar naquela malvada chupeta.

Mirna gostava tanto da sua chupeta que a limpava com um pano todas as manhãs, como fazem as fadas grandes às suas varinhas. Lidava com a sua tetina como Aladino com a sua lâmpada mágica ou como outras pessoas fazem com a galinha dos ovos de ouro. Como se fosse um verdadeiro tesouro!

A mãe de Mirna, ao ver aproximar-se o dia do seu quinto aniversário, leu nos grandes livros das fadas tudo o que poderia fazer para acabar com a chupeta: o toque de "Superlipopeta, e zás, a chupeta!", o toque mágico da "madrinha da Gata Borralheira", que consistia em transformar a tetina numa gigantesca abóbora, o estratagema da chupeta volante, da tetina malcheirosa, ou a receita da tetina com piripiri.

Mas nada resultava. Mirna não largava a chupeta e dizia "dada" e "féfé" e "nana". As pessoas chegavam a perguntar-se se aquele objeto de plástico a impediria de falar como uma fada de cinco anos.

Numa bela manhã de primavera, chegou uma mensagem a casa de Mirna, trazida por uma pomba cor-de-rosa. Era uma linda carta resplandecente com pozinhos de fada.

Mirna baixou a cabeça, franziu a sombrancelha e bateu o pé. Sabia muito bem o que a esperava: iam pedir-lhe que fosse grande e que deitasse sem a chupeta.

Por seu lado, a mãe aplaudiu:

Minha querida, hoje é o grande dia! É a tua carta da Academia das Fadas!

A mãe de Mirna tinha lágrimas nos olhos, porque é sempre comovedor ver crescer a sua menina-fada. De contente, abraçou a pomba mensageira cor-de-rosa, que se transformou imediatamente na linda fada Sininho. Quanto à carta cor-de-rosa, essa transformou-se em varinha mágica.

Bom dia, Mirna - disse a fada Sininho - Sabes que hoje venho entregar-te a varinha mágica?Tá bem - resmungou Mirna.Mas conheces as regras da Academia das Fadas, não é verdade?

Mirna rosnou ainda um "sssim".

Se aceitares a varinha mágica, tens de jogar fora a chupeta. Nada de varinha mágica para as bebês-fadas com chupeta!Prefiro continuar com a chupeta - disse Mirna num tom amuado.Oh, não é possível! Uma destas! É a primeira vez que ouço tal coisa! - diz a fada-madrinha a sorrir - Tenho a certeza de que, se dissesses às meninas do país dos homens para escolherem entre uma varinha mágica e uma chupeta, elas não hesitariam um segundo. Uma chupeta nem sequer é mágica. Enquanto uma varinha; com ela posso conseguir fazer imensas coisas!; Seria isto o que as meninas pensariam imediatamente.

Mirna, mal-humorada, bateu o pé.

E o que é que eu podia fazer com a minha varinha?Coisas maravilhosas!

E por artes mágicas, a fada Sininho fez aparecer diante dela o Grande Livro das Grandes Obras das Fadas, onde estavam registados os actos mais mágicos:

Distribuir dons quando nascem novas fadas: ser inteligente, generosa, alegre; Contrariar os feitiços das fadas ciumentas, aquelas que não foram convidadas para o batizado; Transformar uma abóbora em carroça, para ajudar uma menina que está sozinha; Dar alimentos àqueles que têm fome; Proteger uma princesa que tem de dormir durante cem anos; Oferecer livros aos meninos que querem aprender; Dar sorrisos aos velhinhos tristes.

A fada mensageira fechou o Grande Livro das Grandes Obras com os olhos a brilhar.

Então, o que é que escolhes? Queres continuar com a chupeta de fada-bebê ou receber uma magnífica varinha de condão?

Mirna confessou que, afinal, preferia a varinha de condão. A mãe, muito orgulhosa, apertou-a ao peito e disse:

Agora já és Grande! Vamos divertir-nos as duas, com os nossos truques mágicos!

E foi assim que Mirna recebeu da Academia das Fadas uma magnífica varinha de condão cor-de-rosa e branca, que ela contemplava de olhos a brilhar.

Podes acreditar que, a partir daquele dia, não voltou a ter saudades da chupeta, porque se deu conta de que não era difícil decidir, de uma vez por todas, deitá-la fora e, crescer a sério!

Vá lá, menina Mirna! - disse a fada-madrinha - Ao trabalho! Não basta querer ser uma menina crescida para o ser. Vais aprender coisas apaixonantes no nosso mundo!

E, com um toque da sua varinha mágica, abriu-lhe o Grande Livro das Fadas, aquele que permite a todas as meninas tornarem-se grandes fadas, dignas de figurarem nos grandes contos.

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