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O lobo e os sete cabritinhos

Tempo Leitura
9 min.
Idade indicativa
até 7 anos
Categorias
Fábula
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Silhueta de um lobo selvagem ao pôr do sol.

Photo credits: Marek Szturc on Unsplash.

Era uma vez uma velha cabra que tinha sete cabritinhos e os amava, como uma boa mãe pode amar os filhos. Um dia, querendo ir ao bosque para as provisões do jantar, chamou os sete filhinhos e lhes disse:

Queridos filhos, preciso ir ao bosque; cuidado com o lobo; se ele entrar aqui, comerá todos com uma única abocanhada. Aquele patife costuma disfarçar-se, logo o reconhecereis, porém, pela voz rouca e pelas patas escuras.

Os cabritinhos responderam:

Podeis ir sossegada, querida mamãe, ficaremos bem atentos.

Com um cantarolar, a velha cabra afastou-se confiante. Pouco depois, alguém bateu à porta, gritando:

Abri, queridos filhos; está aqui vossa mãezinha que trouxe um presente para cada um!

Mas os cabritinhos perceberam, pela voz rouca, que era o lobo.

Não abrimos nada, - disseram - não é a nossa mamãe. A mamãe tem uma voz suave, a tua é rouca. Tu és o lobo!

Então o lobo foi a uma loja, comprou um grande pedaço de argila, comeu-o e assim a voz dele tornou-se mais suave. Em seguida, voltou a bater à porta, dizendo:

Abri, queridos filhos; está aqui a vossa mãezinha que trouxe um presente para cada um!

Mas havia apoiado a pata na janela. Os pequenos viram-na e gritaram:

Não abrimos, nossa mamãe não tem as patas escuras como tu; tu és o lobo.

O lobo correu, então, até o padeiro e lhe disse:

Machuquei o pé, queres esparramar-lhe em cima um pouco de massa?

Quando o padeiro lhe espargiu a massa na pata, correu até o moleiro e disse:

Espalha um pouco de farinha de trigo na minha pata.

O moleiro pensou: "Este lobo está tentando enganar alguém" e recusou-se a atendê-lo. O lobo, porém, ameaçou-o:

Se não o fizeres, devoro-te!

O moleiro, então, se assustou e polvilhou-lhe a pata. O lobo foi, pela terceira vez, bater à porta dos cabritinhos, dizendo:

Abri, pequenos filhos, vossa querida mãezinha voltou do bosque e trouxe um presente para cada um de vós!

Os cabritinhos gritaram:

Mostra-nos primeiro a tua pata para que saibamos se és realmente nossa mamãezinha.

O lobo não hesitou, colocou a pata sobre a janela e, quando viram que era branca, acreditaram no que dizia e abriram-lhe a porta. Mas foi o lobo que entrou. Os cabritinhos, amedrontados, trataram de se esconder.

O primeiro escondeu-se debaixo da mesa, o segundo meteu-se embaixo da cama, o terceiro correu para dentro do forno, o quarto foi para a cozinha, o quinto fechou-se no armário, o sexto dentro da pia e o sétimo na caixa do relógio de parede. Mas o lobo encontrou-os todos e não fez cerimônias; engoliu-os um após o outro.

O último, porém, que estava dentro da caixa do relógio, não foi descoberto. Uma vez satisfeito, o lobo saiu e foi deitar-se sob uma árvore, no gramado fresco do prado e não tardou a pegar no sono. Passado um tempo, a velha cabra regressou do bosque.

Ah, o que se lhe deparou! A porta da casa escancarada; mesa, cadeiras, bancos, tudo de pernas para o ar. A pia em pedaços, as cobertas, os travesseiros arrancados da cama. Procurou logo os filhinhos, não conseguindo encontrá-los em parte alguma. Chamou-os pelo nome, um após o outro, mas ninguém respondeu. Ao chamar, por fim, o menor de todos, uma vozinha sumida gritou:

Querida mamãezinha, estou aqui, dentro da caixa do relógio.

Ela tirou-o de lá e o pequeno contou-lhe que viera o lobo e devorara todos os outros. Imaginem o quanto a cabra chorou pelos seus pequeninos! Saiu de casa desesperada, sem saber o que fazer; o cabritinho menor saiu-lhe atrás.

Chegando ao prado, viram o lobo espichado debaixo da árvore, roncando de tal maneira que fazia estremecer os galhos. Observaram-o atentamente, de um e de outro lado e notaram que algo se mexia dentro de seu ventre enorme.

Ah! Deus meu, - suspirou ela - estarão ainda vivos os meus pobres pequenos que o lobo devorou?

Mandou o cabritinho menor que fosse correndo em casa apanhar a tesoura, linha e agulha também. De posse delas, abriu a barriga do monstro; ao primeiro corte, um cabritinho pôs a cabeça de fora e, conforme ia cortando mais, um por um foram saltando para fora; todos os seis, vivos e perfeitamente sãos, pois o monstro, na sanha devoradora, os engolira inteiros, sem mastigar.

Que alegria sentiram ao ver a mãezinha! Abraçaram-na, pinoteando felizes como nunca. Mas a velha cabra lhes disse:

Ide depressa procurar algumas pedras para encher a barriga deste danado antes que ele desperte.

Os cabritinhos, então, saíram correndo e daí a pouco voltaram com as pedras, que meteram, tantas quantas couberam, na barriga ainda quente do lobo. A velha cabra, muito rapidamente, costurou-lhe a pele de modo que ele nem chegou a perceber.

Finalmente, tendo dormido bastante, o lobo levantou-se e, como as pedras que tinha no estômago lhe provocassem uma grande sede, foi à fonte para beber; mas, ao andar e mexer-se, as pedras chocavam-se na barriga, fazendo um certo ruído. Ele então pôs-se a gritar:

Dentro da pança, que é que salta e pula? Cabritos não são; parece pedra miúda!

Chegando à fonte, debruçou-se para beber; entretanto, o peso das pedras arrastou-o para dentro da água, onde acabou se afogando miseravelmente. Vendo isso, os sete cabritinhos saíram correndo e gritando:

O lobo morreu! O lobo morreu!

Então, juntamente com a mãezinha, dançaram alegremente em volta da fonte.