Os Elfos e o Sapateiro
Um sapateiro ficou tão pobre que não lhe restava nada além de couro para um par de sapatos. Assim, à noite, ele cortou os sap...
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Grande comício na floresta! Bem no meio da clareira, debaixo da bananeira.
Dona Formiga convocou a reunião:
Isso não pode continuar!
Não pode, não! - apoiava o Camaleão.
É um desaforo! - a Formiga gritava.
É mesmo! - o camaleão concordava.
A Joaninha, que vinha chegando naquele instante, perguntou:
Qual é o desaforo, hein?
É um desaforo, o que a Lagarta faz! - dizia a Formiga.
Come tudo que é folha! - reclamava o Louva-a-Deus.
Não há comida que chegue! - continuava a Formiga.
A Lagartixa não concordava:
Por isso não, as senhoras formigas também comem...
É isso mesmo! - apoiou o Camaleão, que vivia mudando de opinião.
É muito diferente - disse a Formiga. - Depois, a Lagarta é uma preguiçosa. Vive lagarteando por aí...
Vai ver que a Lagartixa é parente da Lagarta - disse o Camaleão, que já tinha mudado de opinião. - Parente, não - falou a lagartixa. - É só uma coincidência de nome.
Abaixo a Lagarta! - disse o Gafanhoto. - Vamos acabar com ela!
Vamos, sim! - Gritou a Libélula. - Ela é muito feia!
O senhor Caracol ainda quis fazer um discurso:
Minhas senhoras e meus senhores, como é para o bem geral e para a felicidade nacional, em meu nome e em nome de todo mundo interessado, como diria o conselheiro Furtado, quero deixar consignado que está tudo errado...
Mas como o Caracol era muito enrolado, ninguém prestava atenção no coitado. Já estavam todos se preparando para caçar a Lagarta.
Abaixo a feiura! - Gritava a Aranha - como se ela fosse muito bonita.
Morra comilona! - exclamava o Louva-a-Deus - como se ele não fosse comilão também.
Vamos acabar com a preguiçosa! - berrava a cigarra - esquecendo sua fama de boa-vida.
E lá se foram eles cantando e marchando:
Um, dois, feijão com arroz... três, quatro feijão no prato...
Mas a primavera havia chegado. Por toda parte havia flores na floresta, parecia festa.
Os passarinhos cantavam... E as borboletas, quantas borboletas! De todas as cores, de todos os tamanhos, borboleteavam pela mata.
Um, dois, feijão com arroz... três, quatro feijão no prato...
E perguntavam as borboletas que passavam:
Vocês viram a Lagarta que morava na amoreira? Aquela preguiçosa, comilona, horrorosa?
As borboletas riam, riam... Iam passando e nem respondiam.
Até que veio chegando uma linda Borboleta:
Estão procurando a Lagarta da amoreira?
Estamos sim! Aquela horrorosa! Comilona!
E a Borboleta bateu as asas e falou:
Pois sou eu...
Não é possível! Não pode ser verdade! Você é linda!
E a Borboleta, sorrindo, explicou:
Toda lagarta tem seu dia de borboleta. É só esperar pela primavera...
Dona Formiga ficou espantada:
Não é possível! Só acredito vendo! E a borboleta falou:
Venha ver. Isso acontece com todas as lagartas.
E outra lagarta foi se transformando... foi se transformando... Até que, de dentro do casulo, nasceu uma linda borboleta. Os inimigos da Lagarta ficaram admirados.
É um milagre! - disse a Formiga, envergonhada. E a borboleta falou:
É preciso ter paciência com as lagartas, se quisermos conhecer as borboletas!
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